Já olhou para uma fachada de vidro de um prédio utilizando óculos de sol polarizados? Caso já tenha feito isso, pode ser que você tenha percebido a criação de formas ou manchas. Esse fenômeno é chamado de anisotropia, ou iridescência, e ocorre em vidros temperados como resultado do tratamento térmico. Embora ainda não haja padrões para níveis aceitáveis de anisotropia no vidro, ocorreram recentemente alguns grandes avanços com relação ao fenômeno.
No que se refere à qualidade visual do vidro tratado termicamente, a anisotropia tem se tornado ainda mais uma reconhecida preocupação para fabricantes de vidro, arquitetos e seus clientes.
Pelo fato de a anisotropia ser causada pelas diferenças de tensão no vidro durante as fases de aquecimento e resfriamento, ela é inevitável no vidro tratado termicamente. Contudo, os clientes às vezes recusam aceitar o vidro com níveis de anisotropia que eles consideram altos demais, o que faz do fenômeno um problema para fabricantes de vidro também.
Até hoje, não há padrões relativos à anisotropia. A intensidade da deformação pode variar de pouco visível sob certas condições até muito evidente na maioria das condições. A anisotropia pode aparecer também em diferentes tipos de formas. Além disso, todas as pessoas têm sua própria opinião sobre o que parece bom e o que parece ruim. Por isso, os níveis aceitáveis diferem de projeto para projeto. A percepção da anisotropia depende também das condições visuais em torno do vidro.
É fácil ver a anisotropia. Tudo o que você precisa é um filtro de polarização, como aquele nos óculos de sol, com luz polarizada passando pelo vidro. Porém, medi-la é muito mais difícil. Como se pode medir de maneira confiável algo que não tem padrões?
O principal problema é que a anisotropia pode ser muito diferente em condições diferentes, como o local geográfico, o período do ano e o horário. Além disso, o “nível de anisotropia” é muito difícil de quantificar. Não é como o roller wave, em que um olho treinado pode avaliar a quantidade simplesmente olhando para o vidro. A anisotropia se apresentar, por exemplo, como linhas verticais ou diagonais no vidro, ou como manchas no vidro como as vistas nos vidros traseiros dos carros. Então, mais uma vez, o que é melhor? Ou pior? Não há como responder essa pergunta, pois não há um padrão universal. Todas as pessoas têm sua própria opinião, o que significa que podemos ainda precisar de mais de um método para avaliar a anisotropia.
Ter um método de avaliação unificado, ou métodos, facilitaria as nossas vidas com certeza. Então, o que pode ser feito enquanto buscamos lentamente um padrão de anisotropia?
Vamos pegar o roller wave como exemplo de novo. Os padrões definem certos limites para defeitos de roller wave, mas, no geral, os limites têm muita folga. Em muitos casos, um vidro que passa por um padrão pode ainda estar distante de ser bom do ponto de vista estético. Enfatizando que isso é subjetivo. Isso tem levado a uma situação em que os fabricantes de vidro temperado estabelecem seu próprio projeto ou “padrões” específicos para o cliente em vez de confiarem apenas em padrões oficiais. E mesmo se padrões oficiais forem utilizados, a seleção de fornecedores em muitos casos é baseada na qualidade geral do produto final que um fornecedor oferece.
Você vê aonde vou chegar com isso? A anisotropia não afeta a resistência mecânica do vidro, então não é uma questão de segurança. A estética ainda é muitas vezes o principal argumento para utilizar vidro em um projeto e é isso também que está fomentando esta discussão sobre anisotropia. Agora que temos um método para examinar a anisotropia de cada peça de vidro produzida, não há nada impedindo que os produtores entrem em um acordo sobre os níveis adequados disso com seus clientes. O importante é que ambas as partes entendam como a avaliação da anisotropia depende do sistema utilizado e também que, atualmente, não há uma maneira certa ou errada para fazer isso.
Em 2017, a Glaston lançou a iLooK Anisotropy, uma solução online para encarar o desafio de visualizar e quantificar o nível de anisotropia em vidros tratados termicamente. A examinação do vidro quanto à anisotropia dá aos fabricantes uma nova ferramenta para continuamente monitorarem a qualidade, testarem modelos, experimentarem ajustes de máquinas e melhorarem métodos de produção. Isso permite novas melhorias no processo de têmpera e aumenta as exigências para satisfação do cliente.
A troca das linhas mais antigas pelas linhas de têmpera mais modernas é uma solução para conseguir uniformidade em aquecimento e resfriamento. No entanto, muita coisa pode ser feita com as linhas mais antigas também, como ajustar o tempo de aquecimento e o tempo de transferência, ou realizar cargas mais curtas. Os fabricantes de vidros podem enfrentar esse novo desafio ao adicionarem uma simples ferramenta inteligente.
Daqui a alguns anos, a indústria poderá finalmente chegar a um consenso sobre padrões claros para anisotropia. O Glass Innovation Institute, por exemplo, tem como objetivo desenvolver alguns padrões universais. Quando isso acontecer, a tecnologia que garante que o vidro processado atende aos padrões não será apenas uma ferramenta útil, e sim uma necessidade.
Faça o download da apresentação “Rumo a uma melhor anisotropia” a partir da conferência GPD 2017.
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